Catálogo Edição_0
Existem sensibilidades que exigem de nós enxergar no escuro. Existem freixas no tempo que só mesmo a escuridão poderá iluminar. Experimentar das partilhas de feitiço elaboradas no Afrotonizar.Lab, despertou sentidos nunca acordados. Foi preciso desesquecer de muita coisa, para perder o medo de ser encruzilhada. Apenas o molde da transformação pode dar forma à vidas infinitas. É no tempo do vai e vem descompensado e para todos os lados que o manto de proteção se tece. É só e apenas somente tendo coragem pra morrer que nos tornamos eternes. Sigo acreditando que apenas poderemos edificar novas estruturas se imaginarmos o mundo outramente. É no destruir que o ato de criar se constitui e é no ímpeto de sonhar que iremos roubar heranças. A (im)possibilidade de instituir o Catálogo edição_0 é também o aterramento de nossas vidas indetermináveis e incapturáveis. Somos matéria afro-indígena, diaspórica, transatlântica e ancestral, nossos movimentos são protegidos pelo segredo. Quando criamos, nos libertamos das amarras da violência. E só criando, podemos sentir Deuses, Deusas, Deysys. Que nesse ponto firmado pela flecha do tempo e a ética da justiça social, possamos comemorar a vida em abundância de criações que tecem a costura das redes de prosperidade. Axé!
texto curatorial
por AFROTONIZAR
>> melhor experiência pelo computador <<
ARTISTAS
Waleff Dias (Brasil, 1993). Nascido e criado em Macapá/AP. Psicólogo, artista e atualmente é mestrando em Artes Visuais na Universidade de Brasília, pesquisando segundo a perspectiva afrocentrada e do pensamento decolonial, masculinidades negras com referências da História, da Sociologia e Psicologia Clínica através das Artes Visuais. Com base das aparição – em suas diversas manifestações –, dedica-se a estudar e elaborar procedimentos perecíveis.
Jerônimo Sodré é artista visual em processo, descobrindo as nuances do fazer artístico nas suas buscas e escavações no retorno as suas raízes familiares, geográficas e questões raciais, num diálogo entre a música a performance e o processo de tudo isso no decorrer da sua travessia. É quase inevitável que os processos chegam também ao âmbito espiritual e sabendo que uma das principais ferramentas do colonialismo foi a igreja católica, entra então em um processo de escavar e perpetuar o exercício das relações com o subjetivo afroindígena levando a frente um processo anticolonial e fazendo emergir os encantamentos que sofreram a tentativa de um apagamento sistêmico.
Juli, é multi-artista e militante amefricana-sul baiana . Enquanto acadêmica do curso de Direito (UEMS) se dedica a estudar as relações raciais, de gênero e impactos socioambientais. Luta, estudos, ancestralidade, reexistencias de amefricanas mulheres (ancestrais do agora e do futuro), subjetividades do ser e utopias se emaranham em seus fazeres artísticos.
Raiz Rozados é artista Visual , Visionária, Mulher, Mestiça, de Abya Yala, atua como Fotografa, oficineira,
vídeomaker, performer trabalhando também com arte digital interativa, escritos, desenhos e pinturas. Seu trabalho se foca principalmente nas vertentes indígena, afro-diaspórica e mestiça da cultura, povo, no cotidiano, nos ritos , manifestações e lutas populares. Nos trabalhos autorais realiza também uma série de trabalhos colaborativos, ritos performances, ilustrações, escritos, pinturas e pesquisas de tintas de barro com pigmentação natural com o barro, urucum e jenipapo,vídeo-artes e trabalhos em realidade virtual. Em seu trabalho em geral utiliza a arte e os rito como cura em um olhar através da história e memórias em busca para alcançar as sabedorias e tecnologias ancestrais criando ficções visionárias,
na releitura do passado e na construção de novos futuros .
É graduanda em Artes Visuais pela Universidade Federal do Recôncavo da Bahia, com Especialização em Antropologia da Arte pelo Instituto Latir no México.
Pedro Alace, jovem amazonida, preto, do campo, nascido e criado nas águas do igarapé miri, é estudante de agronomia, militante da agroecologia e desenvolve trabalhos nas artes visuais em experimentações nas técnicas de ilustração, aquarela, colagens analógicas e digitais, murais em pinturas e lambe lambes, buscando re significar imagens diásporicas e originarias transformando-as em narrativas de poder e protesto em perspectivas decoloniais de vida e arte.
Tauan Carvalho Coutinho, 23 anos, artista multifacetada. pesquisadora e cântico negro. Filha de Lúcia Maria de Jesus Carvalho. Bacharel em Artes com Ênfase em Políticas e Gestão da Cultura (IHAC/UFBA) e Tecnóloga em Design de Moda (UNIFACS) e Produtora cultural (TeatroEscola). Tem pesquisado narrativas visuais e da percepção numa afrorreferenciada, principlamente no que concerne as manifestações e elaborações afrorreligiosas e suas oralituras possíveis e tangíveis. Empreendedora na área da arte do vestir com o ateliê criativo Bixa Costura, no qual promove cocriações de roupas ancestrais para corporeidades reais.
Cristina Rosa, é graduada em Licenciatura em Artes Visuais pela Escola de Música e Belas Artes do Paraná e pós-graduada em Modelagem Plana e Moulage para Moda pela PUCPR. Atualmente trabalha como Assistente de laboratório no Lab Secreto, escola de fotografia analógica e ateliê de processos históricos e alternativos em Curitiba.
Como artista plástica, desenvolve trabalhos em pintura à óleo, digital, aquarela e Cianotipia. É artista convidada da marca Ifé Personalizados, para ilustrar a Linha de canecas Orixás. Foi uma das artistas convidadas para a Exposição Linha Preta Curitiba - Inter Americano (Centro de Ensino e cultura oficial dos Estados Unidos), em 2020.
Andrielle Mendes é pesquisadora da descolonização do imaginário e investe na produção de imagens para preservar a memória enquanto ramificação de um tronco ancestral, cujas raízes foram apagadas pela plantação colonial. É artesã, artista visual, jornalista, fotógrafa, e na universidade, desde a graduação até o doutoramento, vem se preocupando com a produção de imagens anticoloniais.
Sou Naýra Albuquerque, sou uma mulher preta, tenho 32 anos, me considero afroindígena e busco essa ascendência mesmo numa família que não reconhece a presença desses ancestrais. Sou mãe, mulher cis, videasta maranhense, nascida em Belém.
Sou realizadora há 13 anos, e fui aprendendo cinema na prática. Hoje sou roteirista, diretora e montadora. Já realizei como diretora cerca de 10 curtas sobre política, questões pretas, comunidades tradicionais e periferia (“Florações Jurema”, “Ruas”, “Aquarela Periférica”). Fui montadora de um longa-metragem chamado Maranhão 669; Participei do filme “O Céu sem eternidade” de Eliane Caffé sobre comunidades quilombolas de Alcântara em conflito com a Base Espacial. Realizo oficinas de audiovisual principalmente pra jovens e povos quilombolas e indígenas. Sou mestranda em Imagem e Som pela Ufscar. Realizo experimentações em videomapping e instalações audiovisuais, como em “Gravidade”, junto à Elton Panamby. Nos últimos anos tenho participado como jurada em Festivais de cinema locais e Lives sobre Cinema Negro Maranhense.
Atualmente estou na pré-produção do filme “O Canto da Jurema” sobre a entidade indígena Dona Jurema. E desenvolvendo o roteiro do meu primeiro longa-metragem de ficção chamado “Xiri Cascudo”. Durante o mês de julho está em cartaz na plataforma TodesPlay um curta dirigido por mim chamado “Cofo do Rampa”, pela 2ª Mostra Cinema dos Quilombos.
Ed Borges é realizador audiovisual, editor, designer, pesquisador viado negro e artista visual nascido em Fortaleza, Ceará. Filho de uma mulher cozinheira de uma vida inteira e de um homem que foi um dos tantos operários da indústria do algodão cearense. Graduado em Comunicação - Habilitação em Jornalismo pela Universidade Federal do Ceará (UFC). Mestrando em Comunicação, na linha de pesquisa de Fotografia e Audiovisual, do Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Universidade Federal do Ceará (PPGCOM/UFC). Meus trabalhos artísticos e acadêmicos são atravessados por dissidências de gênero e sexualidade, racialidade, memórias e histórias familiares.
Malika é artista prete cearense transitando entre mundos e corpas, Malika é o trânsito entre as linguagens, em seu caminho há poesia, teatro, música, performance, fotografia, telas, tintas, maquiagens, montagens de ilusão e construção de realidades. Acreditando nas vias de mão duplas, atua como performer, produtores e co-criadore dos coletivos Toca da Matraca e OCA.
Francisca A. da Silva, ou Francis Silva - Santa Fé/Várzea/RN, afroindígena, formada em Artes Visuais e Pós Graduada em Patrimônio pela UFPel RS. Integrante do Arquipélago Casa Ateliê Espaço de Arte e membro do Colegiado Setorial das Artes Visuais do Estado, SEDACRS e da Setorial municipa/ Pelotas. É curadora e produtora independente, possui cursos de Curadoria de Arte Contemporânea pela Visions of Art Node Center/Berlín e Política de Arte-sistema de arte contemporânea pela Forense Latinoamérica. A artista participou de exposições nacionais e internacionais com prêmio e menção honrosa em salões. Produziu e fez curadoria de exposições individuais e coletivas no Brasil e no exterior. Atualmente mora e trabalha em Pelotas RS.
Renata Dorea é artivista multidisciplinar afro-indigena. Formada no Bacharelado Interdisciplinar de Artes e Design (UFJF),Dialoga com as poéticas da Descolonização através das Artes Visuais e urbanas, cyberativismo, teatro e audiovisual negros. Idealizadora do projeto #sereiasdamata, onde já conta mais de 80 murais de sereias negras pelo Brasil, Seu trabalho tem o foco em gerar protagonismo para mulheres negras através de imagens que valorizam as memórias coletivas da população afro diaspórica. Membro da APAN, do coletivo audiovisual LAB AFRIKAS e co-fundadora do Coletivo Descolonia. Selecionada para a Generación 29 do Curso Regular da EICTV( Cuba ), para a especialização em Tv e Novas Mídias.
Pretícia Jerônimo é cineasta, fotógrafa e arte educadora. Especialista em revelação de filmes, Cianotipia e Ferrotipia pela Penumbra Foundation em Nova Iorque. Fundou em 2017 o Lab Secreto, Escola de fotografia analógica, processos históricos e alternativos, focada na democratização da fotografia a grupos de vulnerabilidade social, que já atendeu mais de 400 estudantes. Atua na Escola de Belas Artes do Paraná, no Museu da Fotografia do Paraná e na Universidade Tecnológica. Integra o Lab Afrotonizar, plataforma de articulação de produção de narrativas criativas e imaginação política para um infinito negro e indígena.
Estudou direção de fotografia no Centro Afro Carioca de Cinema e atuou como fotógrafa still no filme Meia Lua Falciforme, de Dê Kelm e Débora Evelyn Olimpio. Dirigiu a fotografia do filme Carne Sobre Tela, gravado Super-8, de Grazi Labrazca, e o filme Lab Secreto, o Laboratório de Todo Mundo. Tradutora do filme Essa Terra Não Vai Acabar, de Matias Dala Stella. Laboratorista dos filmes analógicos para o videoclipe Real Grandeza, da cantora e compositora Bel Baroni, dirigido por Lucas Canavarro e Miro Spinelli. Produtora na Bienal de Artes de 2015, assessorou a arquiteta e artista japonesa Yumi Kori. Fotógrafa e intérprete da cantora e poeta Estrela Leminski no Festival SXSW, no Texas. Fotografou para a revista Noize a Banda Bad Religion no Øyafestivalen. Fotojornalista independente, registrou o surgimento do movimento Black Lives Matter em 2014, quando residia em Nova Iorque. Também residiu na Noruega e no Peru.
cosmos benedito, nascido e crescido em Corumbá- Mato Grosso do Sul, região do Alto Pantanal, divisa com a Bolívia e o Paraguai. Artista autodidata, historiador, educador e produtor cultural. Pesquiso Artes visuais, Corpo, Gênero e Memória sob a ótica decolonial- multilinguagens. Busco através da ancestralidade indígena sul-matogrossense a memória e o esquecimento para assumir e produzir minha existência, dar o meu nome. A arte surgiu como mecanismo de sobrevivência e desde então me aproprio de eu mesmo.
Fui membro fundador da Companhia Translúcidas de Teatro em Londrina, Paraná em 2016, além de integrar o coletivo que ocupou um prédio abandonado, o Canto do MARL (Movimento dos Artistas de Rua de Londrina) até 2018. Sou co-autor (2019) do livro "Canto do Marl: Narrativas de um lugar ocupado pela esperança estudantil e artística", projeto de pesquisa e publicação contemplado pelo edital PROMIC 2018 da Secretaria de Cultura de Londrina, Paraná.
Nesse mesmo ano me mudei para Salvador- Bahia e continuo meu trabalho iniciado no Sul.
Em 2021 estive na residência “Dança em transição” com Pol Pi, pelo Centro Cultural São Paulo, integrei o POPS (Programa orientado de práticas subalternas), com o Coletivo Ayllu, no 3º Fresta Trienal de Arte do SESC Sorocaba.
Atualmente integro o Coletive Danças em Transições, com 10 artistes, trans e bixas. Integro as exposições online Curando do Goethe Institut Salvador com curadoria da Alexandra Rodríguez (cura-heal.com/pr-fabi) e o Mutha Brasil (mutha.com.br).
ficha técnica
coordenação geral: Naymare Azevedo
curadoras: Naymare Azevedo e Adu Santos
identidade visual: Kerolayne Kemblin e
Rodrigo Farias
designers: Yasmin Reis e Adu Santos
montagem/expografia: Adu Santos
artistas: Waleff Dias, Jerônimo Sodré, Juli Lino, Raiz Rozados, Pedro Alace, Tauan Carvalho, Cristina Rosa, Andrielle Mendes, Naýra Albuquerque, Ed Borges, Malika, Francisca Silva, Renata Dorea, Pretícia Jerônimo, cosmos benedito