A exposição contou com o talento de 16 artistas residentes do Afrotonizar.Lab, que trouxeram suas histórias, trajetórias e perspectivas únicas para o centro das narrativas artísticas contemporâneas. Cada obra exposta foi uma celebração da criatividade negra, refletindo as fabulações e confluências exploradas durante a residência.
Os artistas apresentaram trabalhos que dialogam com ancestralidade, resistência e inovação, destacando a pluralidade de vozes e a potência transformadora das artes racializadas no Brasil. Um encontro entre memória e futuro que reafirma a força da arte como ferramenta de mudança e imaginação.
Agojy de Exu Tupinambá
Afroindigena, nascide na Ilha de Upaon Açu, conhecida como São Luís do Maranhão. Tem a missão de despertar consciências retomando a tecnologia ancestral de comunicação espiritual, o som. DJ pesquisadore, designer de som, formade em licenciatura em teatro. Desde 2017 desenvolve um projeto de pesquisa artístico social "Corpas Dissidentes: Potências Políticas para a cena contemporânea", que investiga, a partir de experiências práticas, as potencialidades políticas estéticas de corpas dissidentes na cena contemporânea nas artes.
Na música pesquisa ritmos afro e indígenas diaspóricos, ao redor do mundo, principalmente dentro das culturas periféricas. Na produção sonora, pesquisa e capta sons de conexões ancestrais, espirituais, criando grandes peças sonoras retomando as frequências bineurais e utilizando-as como ferramenta para o despertar de Oris adormecidos.
Alma
Artista multifacetado, diretor de arte, pesquisador e bacharelando em Artes com concentração em Cinema e Audiovisual pela UFBA, Alma explora temas como o grotesco, fantasmagorias, poéticas visuais, escritas ilegíveis, pixo e fotografia. Sua arte nasce das profundas conexões com a diáspora africana e da vibrante cultura de rua de Salvador, especialmente do bairro de Cajazeiras, onde foi criado.
Alma cria principalmente no ambiente digital, utilizando colagens, intervenções fotográficas e pintura, com um background que também inclui habilidades em computação. Sua obra é um poderoso reflexo dos atravessamentos e influências que definem sua trajetória, transformando o universo digital em um campo de experimentação e resistência.
Amorim Japa
Conhecido popularmente como "Japa", começou a fotografar ainda no ensino médio, por influência de suas professoras de História, Jacira e Catarina. Essa relação política com a imagem o fez iniciar o curso de História na Universidade Católica. Hoje, desenvolve uma pesquisa sobre memória e fotografia voltada para o povo negro brasileiro, tendo como maior referência no campo acadêmico, a historiadora Beatriz Nascimento, com seu livro "O Negro Visto por Ele Mesmo".
A partir dessa junção com saberes acadêmicos, desenvolve uma pesquisa visual na comunidade conhecida como "Kuwait". Buscando humanizar, a partir desses olhares, principalmente o olhar para as crianças, enquanto esperança de um futuro mais humano para os nossos corpos e mentes. Entendendo a importância da memória como nossa maior ferramenta na busca ancestral, desenvolve assim um sentido de pertencimento e retorno ao lugar onde nasci e fui criado, com se compromete.
Bartira Lobô e Pinheiro
Artista têxtil baiana, desenvolve trabalhos manuais através da tecelagem em tear de pente liço e diversas outras técnicas de estamparia e design têxril. Graduada em Design pela Universidade Federal de Pernambuco e Savannah College of Art and Design, mestre em artes visuais pela Universidade Federal da Bahia, pesquisa a arte e design como ferramentas para o impulsionamento da criação de redes de inovações sociais em direção ao desenvolvimento sustentável.
C1 Franco
Jovem negro periférico do bairro de Cabula VI, Cauan Franco graduando do cursando de Licenciatura em História, desenvolve uma pesquisa sobre ancestralidade e o desconhecimento causado pelo apagamento da história de pessoas negras no território, com o objetivo de democratizar a informação a cerca desse passado tão importante para a história dos negros brasileiros. Influênciado por colegas e professores da universidade, o seu trabalho fotográfico é voltado para a população negra brasileira e cotidiano de espaços geográficos “desfavorecidos”.
Dani de Iracema
Mãe e artista multidisciplinar. Sua prática e pesquisa artística gira em torno da fabulação de memórias, autobiografias, retomadas, conectando o pulsar das tradições e a contemporaneidade. Interessada em práticas artístico-pedagógicas, onde pode realizar trocas e conduzir processos criativos. Dedica-se a projetos autorais: o solo performático "Memórias Imaginadas das Terras por Onde Andei"; Em 2020 idealiza e coordena o projeto "Escuro Fértil - ofinas-rituais de autorretrato e fotoperformance para mulheres negras e indígenas"; desenvolveu em 2021 o projeto multidisciplinar ORÍginárias - vivências artístico-literárias em parceria com Juci Reis e Flotar Programa (MX-BR). Licenciada em Dança pela UFBA; integrante do programa Práticas Desobedientes. Nascida em Vit. da Conquista, vive e trabalha em Salvador, Ba.
Davi Cavalcante
Artista multidisciplinar, pesquisador e curador. Graduado em Comunicação pela UNIT e pós-graduando em Teatro do Oprimido na UFBA. Possui uma produção artística acerca da comunicação, do corpo e temas relacionados. Utiliza fotografia, performance, audiovisual, colagem, instalação, entre outras linguagens, suportes e técnicas, acreditando que o suporte é auxiliar no conteúdo da obra. Com uma circulação global, seu trabalho já foi premiado em 1º lugar no 27º Salão dos Novos (Aracaju, BR) e também participou da Creative Residency Cine Luso 2019 (Bruxelas, BE). Atualmente integra alguns acervos públicos, incluindo Museu de Arte Contemporânea do Paraná, Fundação de Cultura e Arte Aperipê de Sergipe e Fundação Cultural Cidade de Aracaju. Nasceu em Aracaju (Brasil) e entende que os territórios são apenas fronteiras, não limitando a sua circulação.
Emanoel Saravá
Artista multidisciplinar de Salvador, graduando pelo IHAC/UFBA, explora em sua prática interseções entre o ancestral e o contemporâneo, o urbano e a natureza. Desenvolveu "Águas Marginais" (2023), projeto de foto e videoperformance sobre as águas de Salvador, exposto no Museu das Águas Brasileiras (UFT) e reconhecido pela Unesco.
Em 2024, participa da mostra Pensamentos Selvagens e da exposição itinerante Panorama da Fotografia da Bahia. Atualmente, integra a residência artística Afrotonizar, aprofundando fabulações líquidas como pesquisa e poesia.
Gustavo Araújo
Artista visual, vive e trabalha em Salvador-BA. Graduando do Bacharelado Interdisciplinar em Artes na Universidade Federal da Bahia. Transita entre as linguagens da pintura, fotografia, audiovisual e instalação, atualmente se dedicando a investigar os limites da abstração. Desenvolve pesquisa que gira entorno da memória, corpo, materialidade e repetição, tendo como fios condutores na construção de figuras: a caneta esferográfica e encontro entre linhas e formas circulares, propondo assim uma expansão das possibilidades técnicas da pintura em contraste com as rasuras da caneta.
Isha Rosemond
Antropóloga inspirada pela sacerdotisa e escritora Zora Neale Hurston, reconhecida por documentar as culturas do Atlântico Negro. Criada no Texas e praticante de religiões tradicionais africanas, Isha conecta suas raízes afro-indígenas com práticas contemporâneas.
Seu trabalho fotográfico combina autenticidade e narrativa, revelando histórias cotidianas das pessoas que registra, enquanto explora a relação entre luz, movimento e textura. Sua pesquisa investiga como tecnologias espirituais e práticas de cuidado com a terra dos povos afro-indígenas oferecem respostas diante das mudanças climáticas. Mantendo um compromisso com processos artesanais, Isha evita o uso de inteligência artificial e edições pesadas, preservando a magia pura da fotografia.
Junaica Nunes
Artista-de-Nascença do Quilombo Rio das Rãs, criada às margens do Rio São Francisco em Bom Jesus da Lapa-Ba, hoje vive na cidade de Salvador. Pesquisa sobre o modo de fazer quilombola como alternativa às monoculturas nas artes visuais, confluindo com o pensamento de Nego Bispo, Vandana Shiva e com o modo de fazer de Arthur Bispo e Rosana Paulino.
Kin Bissents
Neta da Edite, ativista, artista plástica, cofundadora do projeto itinerante caixote cultural e propulsora da primeira exposição transcentrade da UFBA, cursa licenciatura em desenho e plásticas. Como artivista o seu objetivo é desempenhar comoções em diversas esferas sociais e fazer desses impactos, ferramentas de mudanças na própria arte, em grupos comunidade e nações. Isso está sendo feito através de suas poéticas e das prática artísticas, pesquisas acadêmica ancestrais, experimentações e vivência.
Ludimila Lima
Com uma trajetória que começou no desenho, pintura em tecido e graffiti, a artista transita entre diversas linguagens como aquarela, ilustração digital, tatuagem e fotografia. Inspirada nas histórias de luta de seus ancestrais e nas vivências do cotidiano baiano, sua arte é uma expressão de resistência, pertencimento e memória, entrelaçando ancestralidade e cultura.
Realizou sua primeira exposição individual na Casa da Cultura Galeno D’avelirio em Cruz das Almas-BA, com itinerância no Museu Hansen Bahia, em Cachoeira-BA (2023). Em 2024, participou de exposições como “Memórias para Dona Antônia” no Acervo da Laje (Salvador-BA) e “Raízes: Começo, Meio, Começo” no Museu Nacional da Cultura Afro-Brasileira (Muncab). Foi também a ilustradora do livro “Bahia, 2 de Julho: Uma guerra pela Independência do Brasil”, publicado pela UNEB.
Omibulu
Bixa preta, não binária e aquática, soteropolitana, graduanda do Bacharelado Interdisciplinar em Artes com concentração em Cinema e Audiovisual pela UFBA. Artista sonoro-visual, tendo o som como principal ferramenta criativa, através de processos experimentais, não normativos e performáticos, atuando na música principalmente no rap e outras sonoridades pretas, no audiovisual como assistente de som, captadora de som, microfonista e realizadora.
Rayana França
Graduando em Artes Visuais pela UFBA, desenvolve obras que exploram a corporeidade e a natureza em perspectivas amplas, combinando o humano e o natural. Seus trabalhos apresentam uma estética surrealista, com corpos disformes e elementos minerais em cenários oníricos, desafiando convenções normativas e explorando questões de gênero e percepção. Além da pintura, atua em escultura, animação em stop-motion e técnicas audiovisuais, destacando a Sand Animation, desenvolvida com o grupo XILINDraw. Inspirado por relevos e minerais, seu processo artístico também integra o material argiloso como um componente expressivo.
Romário Oliveira
Artista e educador, com licenciatura em Desenho e Plástica/Artes Visuais, Malayka SN atua na interseção entre artes visuais, educação e produção cultural. Suas pesquisas focam no ensino de artes visuais e na implementação de práticas antirracistas nas escolas públicas de Salvador. Recebeu o Prêmio Paulo Freire (2023) pelo artigo “Triangulando Saberes” e o prêmio das Olimpíadas de Artes Visuais da FUNARTE (2022). Também participou dos Fóruns Negros de Arte e Cultura (2022 e 2023) e coordenou eventos marcantes na Escola de Belas Artes, como o I Encontro de Arte Educação e Salões de Artes Visuais.