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Confluências e Fabulações Líquidas é um convite para mergulhar nas águas dos sonhos radicais e coletivos de libertação. Fruto dos encontros do Afrotonizar.Lab, esta exposição aposta na fabulação como força motriz dos processos de experimentação artística a partir de perspectivas contracoloniais. Neste movimento de aquilombamento e aldeamento, navegamos por um espaço seguro para a criação artística de pessoas negras e indígenas. Em uma imersão criativa e formativa, os artistas foram incentivados a investigar os modos pelos quais percebemos e moldamos o mundo, desbravando zonas fertilizadas pelos mistérios da condição de vivente. Durante o processo de imaginar outras cenas de mundos (im)possíveis, as estratégias de livramento se fizeram presentes no exercício de práticas de construção de imaginários onde a diferença cultural não é desenhada pela separabilidade, mas sim pela viabilidade de co-criarmos e existirmos para além das violências do Mundo Ordenado. 

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1: Manto da memória do mar, 2024

210x160x90 com  instalação

Bartira Lôbo e Pinheiro

 

Manto da memória do mar se configura em uma obra de instalação têxtil, vestível, apresentada enquanto instalação têxtil, onde peças de tecido criado artesanalmente se entrecruzam formando uma teia que paira sobre uma cabeça de barro apoiada por um suporte cúbico. A obra faz alusão ao manto enquanto um objeto encantado, que traz consigo o aspecto do mar atlântico enquanto elo da história da diáspora africana, pairando sobre uma cabeça de barro que representa o orí e a memória do ser humano, do homem e da mulher negra que vive com o trauma do não pertencimento. 

2: Caminho das águas, 2024

Dimensões variadas instalação

Ludimila Lima

É composta por sete peças de cerâmica, cada uma trazendo aspectos distintos da força e serenidade dos rios. As formas orgânicas e onduladas imitam o fluxo natural das águas, com texturas suaves que lembram pedras e plantas que nascem às margens dos cursos d'água.  

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2.1: Mangue Sagrado, 2024

149x171 com  Instalação

Ludimila Lima

 

Pintura em acrílica sobre tela que retrata uma marisqueira em meio ao mangue fechado, envolta pelas raízes sinuosas e a vegetação densa, com frestas de luz solar penetrando entre as árvores. A marisqueira, figura central da obra, cata mariscos, símbolo de sustento e vida para as famílias ribeirinhas. Ao lado dela, repousam uma vela acesa e uma bengala. As águas do mangue carregam em si a vida. 

2.2: Caminho das águas, 2024

Dimensões variadas instalação

Ludimila Lima

Pintura em acrílica sobre tela que retrata três pescadores em um barco, simbolizando uma profunda conexão com o oceano e suas memórias. Os pescadores puxam uma rede de verdade, que se estende da pintura para o espaço real, resgatando memórias e histórias que emergem do fundo do mar. Peixes feitos em cerâmica são trazidos à superfície por essa rede, simbolizando as histórias esquecidas e as vidas marcadas pela travessia atlântica. 

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3: Lembrança-Memória: mistura-se verdade e mentira como um véu transparente que esconde mas mostra fragmentos, 2024

120x136 com instalação

Rayana França 

 

Seis tiras de tecido voal pintadas em acrílica. A obra será ativada com performance, portanto, no momento de abertura as tiras devem permanecer fechadas.  Na performance, as tiras são abertas uma a uma e a obra ganha 3 novos elementos: uma fotografia 3x4, que será costurada em uma das tiras; um fragmento de espelho, que será adicionado a tira paralela da foto 3x4; um pequeno monte de retalhos de tecidos, posicionado na parte interna e central do arco; um envelope de carta, que estará soterrado nos retalhos. 

4,4.1: Sol que brilha e abençoa, 2024

70x50 com fotografia-díptico

C1 Franco

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5, 5.1: AZUL QUE FERE, FERRO QUE CURA, 2024 

60x90 com  Fotografia-Díptico

Amorim Japa

 

Azul que fere, azul que ecoa,   dor do passado colonial que ressoa,   a história marcada, o corpo perdido,   no fundo azul, o genocídio esquecido.

 

Azul que fere, azul que ecoa,   dor do passado colonial que ressoa,   a história marcada, o corpo perdido,   no fundo azul, o genocídio esquecido.

Azul que fere, azul que ecoa,   dor do passado colonial que ressoa,   a história marcada, o corpo perdido,   no fundo azul, o genocídio esquecido.

6: lagoa da saudade deságua em memória, 2024

297x117 com, 3 fotografias 10x15 com instalação

Gustavo Araújo 

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7: Oriô, 2024

184x87x75 com instalação

Agojy de Exu Tupinambá, Mônica Conceição dos Santos e Relry Timbira

 

A instalação consiste em um iba de ori, um desenho montado em cima de uma esteira no chão com milhos branco, uma vasilha de vidro grande, dentro búzios, uma pedra, casca de ibi e água, com uma luz branca apontada para dentro da água e atmosfera sonora em looping.

8, 8.1: Lè kochon yo vole (Quando os porcos voam), 2024 197x334 com, 4,17 min Instalação

Isha Rosemond

 

Esta obra é concebida como um mapa tátil da memória das tradições afro-indígenas que conectam o Haiti e o Brasil. A artista trabalha com materiais naturais indígenas e/ou culturalmente significativos para ambos os territórios, com o intuito de marcar a obra com evidências de sua presença. É uma recusa às histórias de apagamento e branqueamento do Haiti e de outros lugares significativos para a soberania afro-indígena. Os tingimentos refletem uma luta íntima contra o apagamento  da historia coletivo e os desafios pessoais da artista para recordar, em meio à história familiar de demência. A obra é, em essência, uma inscrição de fatos históricos institucionais e comunais, assim como das próprias suposições da artista sobre o que foi e o que poderia ter sido. 

No coração desta obra está a história do porco Kreyol haitiano. A oferenda do porco crioulo no ritual do Bois Caïman em 1791, que inspirou a revolução, o massacre corrupto dos porcos haitianos liderado pelos EUA em 1979, que devastou a vida rural haitiana, e a relação atual da artista com o que é considerado valioso. A artista reflete sobre a relação de sua avó com os porcos que criava, cuja sobrevivência sustentou sua família em meio aos esforços estratégicos de países estrangeiros para apagar a riqueza financeira e cultural do Haiti. Folhas de tabaco tingidas com toques dourados, cultivadas no Brasil e secas na casa da artista, estão entrelaçadas na colagem, indicando os vínculos com a riqueza histórica da diáspora africana devido ao tráfico transatlântico de escravos, junto à riqueza contemporânea negligenciada do Haiti. Embora frequentemente rotulado como “o país mais pobre do Hemisfério Ocidental,” o Haiti é conhecido por abrigar minas de ouro inexploradas, avaliadas em bilhões, atualmente sob exploração de interesses estrangeiros. Aqui, o ouro serve tanto como um lembrete desse valor oculto quanto como um dispositivo mnemônico, conectando a riqueza do Haiti ao “desgosto” social pelos porcos. 


 

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9: Transversal, 2024

Técnica mista 170x110 com instalação

Kin Bissents 

9.1: Transcestral, 2024

Pintura digital, fine art 60x90 com instalação

Kin Bissents 

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9.2: Continental, 2024

Pintura digital, fine art 60x90 com instalação

Kin Bissents

9.3: Transatlântico, 2024

Tinta acrílica e de serigrafia sobre tela 67x89 com instalação

Kin Bissents 

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10.1, 10, 10.2: DO OUTRO LADO AINDA SEREI EU, MAS NÃO SAIREI ILESO, 2024

370x40x210 com Instalação

Davi Cavalcante

 

Essa é uma obra nova, em construção, não havendo em seu histórico a necessidade de restauro. Uma instalação que conta com seis itens, que são: 2 telas; 1 bacia; 1 prateleira, 1 suporte para bandeira e 1 bandeira. As telas são pintadas por terra de dois territórios, sendo a primeira de Aracaju e a segunda de Salvador. Na bacia, um litro de água do mar de Aracaju e um litro de água do mar de Salvador. Esse encontro representa as travessias do artista e suas reflexões sobre as diásporas que ocorrem constantemente, seja através do território ou dos afetos, compreendendo a terra como uma base e a água como a fluidez que provoca alterações e deslocamentos. 

11: série Inventário das Travessias, 2024

12 fotografias, fine art, 50x28 cm Foto-performance

Dani de Iracema, registro fotográfico: Isha Rosemond 

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11.1: série Inventário das Travessias, 2024

2 mim com vídeo-performance

Dani de Iracema, registro fotográfico: Isha Rosemond, edição Polén Acácio 

12, 12.1: Ìbá Òlòkun omo re wa se fun oyí o, 2024

100x150x340 com Instalação

Alma

 

A obra consiste numa impressão central feita em canva ou algodão cru suspensa, ao seu redor t montes de “terra” (uma mistura de terra escura/preta com pedaços de carvão e lonita) e em sua frente um quartilhão de louça branca soterrado por essa terra. Ao redor desse quartilhão central haverão sete corpos de louça. Parte da dinâmica da obra tem a ver com a ideia de culto e saudade, fazendo referência aos culto de Olokun e ao rito do axexê.  Ìbá Òlòkun omo re wa se fun oyí o faz referência ao oriki de Olokun, que significa “Eu saúdo o ser dos oceanos, cuja grandiosidade não me cabe entender”. Olokun é uma divindade muito interessante para pensar as relações e dinâmicas de culto que se estabelecem aqui no Brasil, apesar de não ser cultuado aqui, Olokun é o próprio oceano, o próprio mistério, aquilo que está para além da compreensão humana e que habita neste limbo de qualquer possibilidade de tradução. “Ao evocar o mar, eu também falo sobre esse grande cemitério, tanto histórico, com o tráfico de escravos, quanto espiritual, a Kalunga Grande, o portal que divide os mundos.” É um convite ao público a um culto que se faz coletivo, um culto a saudade e reverência aqueles que se foram, a ideia é que cada pessoa que visite e que se conecte a obra, acenda uma vela, que será deixada perto junto a um isqueiro para acender e que a pessoa clame por esse nome, essa saudade, para que ela possa atravessar esse grande portal que é a Kalunga. 

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13: Lamouro, 2024

220x220x220 com Instalação

Emanoel Saravá

 

A instalação evoca memórias das alagações que marcaram a casa de minha infância, onde as águas, ao invadir o espaço doméstico, levavam consigo fragmentos de histórias, documentos e pertences, apagando partes da vida e inscrevendo outras em novas superfícies. Ao centro, um mosquiteiro alvo paira, com sua metade tingida por um barro denso, refletindo a marca que as águas deixavam quando baixavam, traçando uma linha nas paredes que recorda o alcance do alagamento, uma altura de lama que carregava lembranças.

14, 14.1, 14.2, 14.3 e 14.4: Serpentimentos - A arte transformará toda tensão em vida, 2024

410x290x235 com instalação

Romário Oliveira

 

03 vasos cerâmicos, contendo em cada um deles plantas de Axé - respectivamente 01 Comigo ninguém pode , 01 Coração Magoado e 01 Croton. Os vasos foram reapropriados da Olaria do sr Sidélio, localizada na Feira de São Joaquim e foram feitas intervenções em Durepoxis (Massa bi componente, com base em resina epóxi poliamida e cargas minerais.) pintadas com tinta PVA fosca, representando cobras corais ao longo da superfícies externas das peças. 03 Linóleosgravuras impressas em papeis 180gr³ Opaline branco e color plus nas cores Preta e Vermelha. As impressões foram produzidas a partir de tinta para linoléo e xilo, à base de água (EssDee). As gravuras foram emolduradas em moldura com paspatur e vidro. 01 Alguidar grande contendo água e com as mesmas intervenções que foram feitas nos vasos cerâmicos. 

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15: Ebós-sonoros vol I (omifunfun, omibulu, omidudu), 2024

260x220x220 com instalação

Omibulu e Edjan Santos

 

Em cima de uma tela pintada, cada um representando uma uma força que deve ser acessada através da peça sonora, que será reproduzida nos fones de ouvido conectados aos totens. Os 3 objetos-totem, compostos por um alguidar e panela de barro com intervênções em pinturas com tinta acrílica, elementos eletrônicos (instalações eletronicas afim de reproduzir o som através do fone de ouvido). Cada um dos 3 totens tem nome, simbologia e poéticas muito específicas, o primeiro chamo de ‘omifunfun’ – sua magia vibra a purificação, tem relação com águas cristalinas. ‘omibulu’ – sua magia vibra o movimento de confluência entre bixas aquáticas na prática da bixaria, são águas agitadas escutadas do fundo. ‘omidudu’ – é a água parada em decantação, a transmutação. 

16: território-devir, 2024

135x200 com Bordado sobre tecido

Junaica Nunes 

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17: Pintar os sonhos com tinta de terra, 2024

Geotinta sobre tecido + najés com restos de tintas produzidas durante a oficina

192x240

Agojy de Exu Tupinambá, Alma, Bartira Lôbo e Pinheiro, Davi Cavalcante, Emanoel Saravá, JeisiEkê de Lundu, Jéssica Menezes, Junaica Nunes, Kin Bissents, Ludimila Lima e rayana frança 

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